(Acolhimento)

 

 

encenação Lúcia Sigalho

espaço Fernando Alvim (colaboração Otelo Lapa)

figurinos João Figueira Nogueira

luz Daniel Worm

musica original João Lucas

elenco Ana Silvestre, Cláudia Jardim, Joaquim Horta, Lúcia Sigalho, Marina Nabais, Sara Graça, Tonan Quito e Victor Gonçalves

produção Sensurround - Companhia de Teatro

Estreado em Agosto de 2000 no Armazém do Ferro, Lisboa

 

27 a 30 de Setembro, às 21h30 • Teatro Nacional S. João

 

 

Um dia pediram a Lúcia Sigalho que fizesse um espectáculo «muito bonito» quando abandonasse o Armazém do Ferro, espaço onde se instalou com a sua companhia Sensurround. O Armazém vai ser demolido e ela despede-se com este belíssimo Dedicatórias. O espectáculo nasce de uma sensação de perda para degenerar melancolicamente numa festa vestida de branco que acaba submersa num mar de flores. Nasce da habitual pulsão despudoradamente autobiográfica da autora que vai sendo colectivamente depurada e sinalizada. É um objecto violentamente atravessado por uma ideia de dádiva erigida sobre os escombros da dor. Em Dedicatórias, Lúcia Sigalho continua a forçar os limites da sua linguagem e a assumir riscos com a mesma urgência com que gera afectos – sinais inequívocos de uma intranquila maturidade artística. E no intervalo de tempo que «sobra depois de tudo se ter esgotado», só resta a enunciação repetitiva do acto de dar: «Toma, dou-te, é para ti. Amo-te».

 

«É preciso ver para crer. Se o projecto de Lúcia Sigalho era fazer um espectáculo três vezes bonito, Dedicatórias consegue ser isso e muito mais. (…) Trágico e cómico, único e múltiplo, contra o machismo e também contra o amor, contra a morte e contra a vida. Afinal, a arte do teatro sempre foi e será esse gesto de dar e de tirar, chorar e rir, ser e não ser.»

Manuel João Gomes – Público, 27Ago2000