“O céu pode cair e seria a última coisa que poderíamos prever.” É sob a ameaça de uma catástrofe iminente e impensável que Lastro de Né Barros acontece. Poucas semanas depois de apresentar a estreia absoluta de Muros, a mais recente criação da coreógrafa portuense, o TNSJ acolhe a reposição deste espetáculo anterior que ocorre sob um céu estranho: um imenso pano celeste sob o qual os corpos em movimento criam um lugar teatral, um lugar em mudança, um lugar feito de memória. São corpos que repetem para resistir ao final que se imagina, para fazer com que algo perdure, mas toda a catástrofe produz o seu ocultamento, a sua desaparição… Inspirado nas teses de Jean-Luc Nancy sobre a “equivalência das catástrofes”, Lastro regressa agora no contexto de uma conferência promovida por institutos de investigação das Faculdades de Letras e Belas Artes da Universidade do Porto, na qual o filósofo francês tomará parte, mostrando-nos um lugar teatral como uma zona de perigo e um espaço de abandono.