José Afonso e Vinicius de Moraes: “Que pontos unem estes dois vultos navegando a mesma jangada do verbo e do tempo em terras opostas?”, pergunta Carlos Tê, um dos companheiros de estrada de um projeto musical que tem a sua estreia no Mosteiro de São Bento da Vitória. Cruzando músicos portugueses e brasileiros – nomeadamente, as vozes de José Pedro Gil e Mônica Salmaso –, Estrada Branca é o descobrimento e achamento do parentesco que une dois compositores, nascidos com um intervalo de dezasseis anos e todo o Atlântico de permeio, ambos vocacionados para as derivas e demandas: Vinicius, passeante de um novo e luxuriante Brasil, terra espaçosa alargando-se com gente de todos os lugares, lugar imenso de chegada; e Zeca, andarilho das ruínas do império português, de um país convertido em eterno ponto de partida, cantando para instar a História a mover-se. Revisitação dos temas menos percorridos dos cancioneiros do poetinha e do bicho-cantor, Estrada Branca trafica ritmos, vozes, melodias, danças, lágrimas e esperanças, numa celebração da língua portuguesa e do seu surpreendente legado lírico e musical.