O Teatro Nacional São João lamenta a morte de Jorge Silva Melo, encenador, ator, dramaturgo, tradutor, cineasta e crítico português, fundador do Teatro da Cornucópia e da companhia Artistas Unidos, da qual era diretor artístico desde 1995. Um homem de teatro raríssimo, com quem aprendemos e de quem é impossível não sentir já a falta.
O seu caminho cruzou-se por múltiplas vezes com o do Teatro Nacional São João, que, no decurso da última década, coproduziu e apresentou vários espetáculos de Jorge Silva Melo. Nesta casa, apresentou produções como Fala da criada dos Noailles que no fim de contas vamos descobrir chamar-se também Séverine numa noite do inverno de 1975, em Hyères (2010), um original seu, A Estalajadeira (2013), de Carlo Goldoni, O Regresso a Casa, de Harold Pinter (2014), A Noite da Iguana (2017), de Tennessee Williams, ou Vidas Íntimas (2019), de Noël Coward. Em coprodução com os Artistas Unidos, o Teatro Nacional São João programou também o Ciclo Enda Walsh, que, em 2011, percorreu a obra do dramaturgo irlandês em três espetáculos, duas leituras encenadas e um filme.
Pode dizer-se que Jorge Silva Melo fazia teatro para poder falar de teatro. No decurso dos anos, participou em várias conversas e encontros, nomeadamente no lançamento de vários títulos dos Livrinhos de Teatro no Centro de Documentação do TNSJ. Em 2019, promovemos o lançamento do seu livro A Mesa Está Posta, apresentado por Mariana Maurício e Eduardo Calheiros Figueiredo. Na altura, disse-nos: “O que me interessa no teatro é tirar das tripas do texto a ação, é extirpar dos atores as personagens que já estão dentro deles.”
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15 de março de 2022