Descrição
Os espetáculos da 32.ª edição do Festival Internacional de Marionetas do Porto reequacionam a arte da marioneta e interrogam o nosso papel no mundo. Em Big Bears Cry Too, primeira produção da artista belga Miet Warlop para uma audiência infantil, o palco é um terreno de jogo de objetos-criatura à procura da sua individualidade: um impaciente e pouco eficaz coração de plástico, um comprimido gigante com função errada, ou um urso de peluche vítima da sua própria graça. O riso e as lágrimas pautam um universo estranho que desnuda a nossa vulnerabilidade. O coletivo Alma d’Arame contrapõe O Que o Mundo Precisa é de uma Deusa, em coprodução com a Companhia João Garcia Miguel, criador que assina o texto dramatúrgico inspirado na Lisístrata de Aristófanes e na pergunta: será o sexo uma arma? Propondo uma poética da alucinação, entre o sonho e a realidade, este espetáculo-performance faz da imaginação o veículo de procura de uma nova consciência. Em O Julgamento de Ubu, Nuno M Cardoso instiga um exame de consciência coletivo. A peça de Simon Stephens oferece uma sequela à saga ubuesca de Alfred Jarry, sentando a personagem amoral e grotesca de Ubu no banco dos réus de um Tribunal Criminal Internacional. Sátira selvagem sobre o duelo entre a justiça legal e a justiça moral, deixa-nos face a face com a irredutibilidade de Ubu, símbolo dos ditadores contemporâneos.