Descrição
Em Tchékhov, há sons recorrentes que permitem desenhar uma dramaturgia sonora: os sons de festa, de tiros, do bosque e das carruagens que chegam ou partem, as partidas ou chegadas do comboio, as vozes ao longe. E ainda o som mais eloquente de todos, o silêncio. Este fundamento sónico lançou o Ensemble numa singular exploração desta peça, com conceção e direção de Carlos Pimenta. No palco, transformado num grande estúdio de gravação, um conjunto de atores grava As Três Irmãs. A este primeiro plano de leitura, próximo do teatro radiofónico e implicando uma construção mental, imiscui-se um segundo, uma leitura cénica que trabalha outra camada dramática e dramatúrgica justaposta às palavras de Tchékhov. Nesta abordagem, que se faz dos laços entre o teatro, o tempo e o acontecimento, a sonoplastia é crucial, configurando um universo de escuta ativa que apela ao imaginário do espectador, suscitando a sua participação no desenho das situações e ambientes.