Eternamente assombrado pela fuga do tempo (“Esse inimigo no coração de cada um de nós.”), Tennessee Williams é uma das figuras cimeiras do teatro norte-americano do século XX. O ator e encenador Miguel Loureiro resgata-lhe The Milk Train Doesn’t Stop Here Anymore (1963), uma das suas últimas peças, e Boom!, a adaptação para cinema que o dramaturgo assinou em 1968. Desta negociação entre a peça e o guião cinematográfico, obras marcadas pela estranheza e pelo desajustamento, a redenção e o erotismo, Miguel Loureiro constrói um espetáculo de “excessos sobre o Excesso”. No seu centro encontramos Flora Goforth, uma viúva que dita as suas memórias a uma secretária numa villa italiana, e Chris Flanders, espécie de “anjo da morte”, que tem como profissão dar apoio a velhas senhoras ricas que se preparam para morrer. Boom! detém-se sobre estes seres singulares, sobre a perda do seu encanto, e sobre o “Grande Desconhecido” que os aguarda. “Sem explicação, sem tradução, apenas boom.”
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