O Teatro Nacional São João e as edições Húmus lançaram mais um volume da sua coleção de textos dramáticos: O Grande Teatro do Mundo, de Pedro Calderón de la Barca, com tradução de José Bento e prefácio de Guillermo Heras.
Texto referencial de um género específico, o auto sacramental da Espanha seiscentista, O Grande Teatro do Mundo é uma peça alegórica em um ato, sem estrutura temporal, de tema principalmente eucarístico, destinada a ser apresentada no dia do Corpo de Deus. As personagens desta peça são, na sua maioria, de natureza simbólica, não lhes estando associada qualquer “construção psicológica”. Por detrás do veio ideológico/eclesiástico que a estrutura, e de uma fina análise de classes, sobressai o fulgor da poética calderoniana. Autor maior do chamado Século de Ouro espanhol, Calderón de la Barca nasceu em 1600, foi militar e tomaria votos religiosos em 1651, antes de ser nomeado “Autor de Corte”, acedendo a grandes orçamentos e faustosas encenações. Alçou o auto sacramental à perfeição e cultivou também um género popular em Espanha, a zarzuela. Dele dizia Goethe que era o génio dotado da mais elevada inteligência.
Reconhecido divulgador da poesia espanhola clássica e contemporânea, o poeta José Bento (1932-2019) assina uma tradução “acertada e rigorosa”, como a qualifica Guillermo Heras, fazendo com que “o desafio que a leitura de qualquer texto clássico implica [possa] revelar-se menos árduo e muito mais prazenteiro”. José Bento foi antologiador de poesia espanhola e também tradutor de autores como Miguel de Cervantes, Garcia Lorca ou Jorge Luis Borges.
No Teatro São João, a peça marcou a estreia enquanto encenador neste palco do ex-diretor artístico Nuno Carinhas, em 1996. Esta produção do Teatro Nacional São João esteve em cena entre os dias 19 e 27 de setembro e 12 e 27 de outubro.
O Grande Teatro do Mundo é o 39.º volume da coleção do Teatro Nacional São João nas Edições Húmus e o primeiro da série editado em 2022.
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8 de junho de 2022